Sonhos

Detesto o que de vez em quando me acontece e hoje foi um desses dias.

Acordo cedo, pelas seis da manhã, e tento desesperadamente desligar o cérebro, que se está completamente a borrifar para mim. Vai buscar tudo e um par de botas para mostrar quem é que manda. O que tenho para fazer durante o dia, coisas do passado, ideias para o futuro, o que disse e não disse, o que tenho de escrever… e todas as ligações, entre isto tudo, frenéticas como uma rede de autoestradas em hora de ponta. Finalmente, ao fim de mais ou menos uma hora, consigo adormecer. Acordo com o despertador às oito. Estava a dormir ferrada e deliciada, mas em sobressalto sou despertada pelas obrigações. Desta vez o cérebro não quer acordar e pior – está consciente do sonho que estava a ter e não queria que terminasse. Vou contar-vos qual foi o de hoje.

Estava num país estrangeiro, no restaurante de um hotel, que mais parecia um bar vintage com música, imensa animação, um grande buffet e uma mesa cheia de amigos. Vi um autocarro descapotável a chegar (nos sonhos tudo é possível) e lá em cima o Bruce Springsteen, que iria atuar mais tarde, vestido com um fato de licra com as cores da bandeira americana. O grande veículo parou e eu fui a correr para o poder ver de perto e pedir-lhe um autógrafo. Ele estava a andar muito rápido e haviam mais duas ou três pessoas, atrás dele, a pedirem-lhe o mesmo. Ele, acompanhado da mulher, também no seu fato de licra, pararam e ele começou rapidamente a dar autógrafos aos que estavam antes de mim, tentando despachar-se. A seguir fui eu – agarrei no meu bloco e procurei desesperadamente uma folha de papel em branco, mas só encontrava rabiscos, listas de compras e desenhos dos meus filhos. Para o empatar um pouco comecei a dizer-lhe (em inglês) que o admirava muito e ouvia as suas músicas desde os meus quinze anos… sempre à procura de uma folha limpa. Quando finalmente encontrei e ia-lhe dar o bloco para assinar, o despertador tocou! Que raiva. Fiquei mesmo chateada. Queria continuar o sonho. Talvez se voltasse a adormecer conseguisse; não seria a primeira vez. Mas, de novo, o cérebro meio desperto entrou em conflito comigo: “sabes que tens de te levantar, são horas, não podes adormecer…”; o mesmo cérebro: “dorme, pode ser que consigas continuar o sonho de onde ficou. Estava tão bom…” E pronto! Nem me levantei logo, porque estava mesmo com sono, nem voltei a sonhar com o autógrafo do Bruce Sprinsteen! Não é justo. Ainda por cima, com as saudades que tenho de jantaradas, saídas com amigos, concertos, viajar… estava ali tudo e foi-me roubado pelo monótono som do telemóvel.

Talvez amanhã.

Publicado por Sara Carvalho

Chamo-me Sara Carvalho. Sou mãe de três filhos lindos. São a minha grande paixão e inspiração para tentar ser cada dia melhor. Curiosa de raíz, apaixonada pela vida, pela natureza, por música, dança, letras e não só. Adoro artes: ler e escrever - sobre os mistérios da vida, as emoções humanas, Deus, fantasia, suspense, espiritualidade, poesia; musicais; cinema; espetáculos; concertos; teatro; bailado; exposições; fotografia; viajar e ... sonhar com um futuro melhor. Também sou instrutora de Pilates, desde 2006. Um sonho que se transformou num objetivo? Escrever um livro. Consegui! 777 é o seu título. É uma obra de fantasia com muita realidade à mistura. Também gosto de números e enigmas.

One thought on “Sonhos

  1. Belo texto, frenético, em que a maioria do leitor de identifica, uma escrita que prende e capta a nossa atenção, é um Prazer ler-te aqui… Longe do frenético cruzamento de informação desnecessária das redes sociais… Parabéns.

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