Aquela mulher misteriosa fascinava-o ao ponto de, todos os dias, àquela hora, ficar plantado atrás do vidro da cozinha para a ver passar. Aquele particular equilíbrio em saltos tão altos, fazia todas as curvas do corpo sobressaírem e seduzia-o. Como será que ela conseguia? E os vestidos colados que limitavam cada passo a poucos centímetros? Ostentava-os matematicamente num corpo de equações com derivadas que todos queriam resolver. Quem seria o felizardo? Nada sabia daquele monumento, apenas que atravessava a sua rua e, por baixo da sua janela, deixava no ar o rasto do seu perfume doce. Secretamente abria-a e com a cabeça de fora, debruçado no parapeito, sentia-lhe o gosto e imaginava aquele corpo colado ao seu. Só essa imagem deixava-o duro. Como era possível? Nem o nome dela sabia…nada. Sabia apenas que a desejava.
