
Ontem fui ver este filme, baseado numa história verídica. Houve três aspetos que me chamaram particularmente a atenção: primeiro, a vida das mulheres na Idade Média, a forma como eram tratadas pela sociedade em geral e pelos seus senhores, a sujidade, a violência, a pobreza, o trabalho, a guerra – tudo bastante difícil e deprimente. Dou graças a Deus por não ter nascido nessa época.
Outro aspecto é a facilidade com que as pessoas conseguem mentir, afirmar até à morte que não fizeram algo que fizeram. O ser humano tem uma capacidade estranha de conseguir afirmar a pé juntos que não cometeu determinado ato quando realmente isso não é verdade. O cérebro é algo bastante complexo e com um funcionamento tão díspar que certas pessoas agem de formas impensáveis para outras.
Terceiro, e talvez aquele que mexeu mais comigo, excepto as cenas de violação que me deixam sempre maldisposta, foi a traição. A deslealdade e maldade por parte da melhor amiga da vítima é um acto baixo e abominável. A única pessoa que é, supostamente, a que mais apoio deveria dar é a que vai informar propositadamente o conselho de juízes contra a própria amiga. Levantando a dúvida numa situação em que a vítima se torna desacreditada e passa a ser vista como mentirosa. Os juízes perguntam à vítima o porquê da amiga ter testemunhado voluntariamente contra ela e a resposta é: “não sei”. Eu também não sei, nem consigo entender porque é que pessoas tão amigas, ou que se fazem passar por tal, são capazes de colocar veneno e espalhar mentiras para arranjar problemas para que se sofra ainda mais, como no caso da protagonista.
O culminar do filme surge com o realístico duelo final, que nos prende à cadeira, na incerteza do seu desfecho.
Em suma, acho que o filme está muito bom, apesar de ser um pouco pesado pois ninguém gosta de assistir a injustiças.
Vale a pena ver, analisarmos as nossas vidas, agradecer o bom que temos hoje e pensarmos nas nossas escolhas no que toca às relações com o próximo.