– Amo-te, mãe – disse, com os olhos a quererem fugir para o chão.
– Também te amo muito, meu amor – respondeu, emocionada. Expirou fundo e descansou.

Quantas vezes esta palavra é dita com verdadeiro significado e quantas vezes fica por dizer?
Nem sempre demonstrar amor e expressá-lo foi comum a todas as famílias; nem é ainda. Principalmente nos homens. Chefes de família saem cedo para trabalhar, cuidam da família para que nada lhes falte, até mudam de país para ganhar o pão, mas dizer «amo-te» a um filho ou a uma filha, ao pai ou à mãe, é tido como uma fraqueza. Equiparado ao chorar. Homens não choram. Foram feitos para ser fortes, inabaláveis e isso dá-lhes uma capa de insensibilidade, que muitas vezes não corresponde à realidade.
Quantos filhos nunca ouviram essa palavra? Conheço alguns. Talvez os pais também nunca a tivessem ouvido dos seus. Ou talvez só o dissessem quando os filhos eram pequenos.
Por vezes, só quando estão enfermos, acamados e com idade avançada é que a família, a custo e com vergonha, consegue dizê-lo. Quem nunca o fez, e não foi habituado, quando tenta parece que lhe estão a arrancar os ossos. Porque será? Uma das palavras mais belas e com tanto significado é muitas vezes engolida ou fica algemada na garganta.
Quanto mais tempo passa, mais difícil fica. É claro que se amam e fazem tudo o que sabem para cuidar uns dos outros. Mas porque será tão difícil dizer «amo-te, mãe», «amo-te, filha», «amo-te, pai»?
Dizer ao marido, à esposa, ao namorado ou à namorada parece mais fácil. Mesmo assim, há casais que deixam de o dizer passados aqueles primeiros anos. Outros há, que fazem questão de o dizer todos os dias, uma vida inteira. Deveria ser sempre assim.
Mesmo que saibamos que somos amados, faz uma grande diferença quando o expressamos em alta voz. Quem ouve sente a confirmação e o poder que as palavras têm. Até porque com tantas curvas e desastres que a vida tem, surgem, por vezes, dúvidas.
Num mundo com tanto ódio façamos a diferença!
Vamos dizer àqueles que amamos que os amamos. Não esperemos que fiquem doentes ou à porta da morte ou, pior, que os percamos sem nunca lhes ter dito «amo-te».
E hoje, já disse aos seus que os ama?
