
No fim de semana passado, enquanto almoçava numa mesa só de adultos, os meus filhos faziam o mesmo numa só de crianças.
No final, quando a maioria dos miúdos já se tinha levantado e ido brincar (porque era uma quinta) o meu filho mais novo continuou agarrado ao telemóvel. Via bonecos.
Normalmente, os outros miúdos não gostam muito de brincar com ele porque não o entendem e acham-no “estranho”. Ele acaba por ficar mais refugiado nos aparelhos eletrónicos.
Mas, havia uma menina ao pé dele. Meti conversa e ela não se inibiu em contar-me a história quase toda da família. Tem cinco anos. E decidi contar-vos esta história pelo seguinte:
– Porque é que ele fala inglês? – perguntou ela.
– Ele ainda não fala muito bem, então parece que fala inglês – respondi-lhe, entre risos e surpresa.
– Mas tu falas português.
– Sim, tu também.
– Sim, eu falo português. Mas porque é que tu não falas inglês? Eu sei falar inglês…
E começou a dizer as várias cores em inglês e português. O diálogo prolongou-se mais um pouco e eu fiquei deliciada.
A inocência desta miúda em achar que se o meu filho fala inglês, porque raio eu não falo. Tem lógica. Os filhos falam a mesma língua dos pais, portanto, na percepção dela, eu é que estava mal e não o André. Ela não o achou diferente, apenas achou que ele falava inglês e eu devia falar também.
Como mãe de três filhos, eu adoro miúdos (apesar de me faltar a paciência algumas vezes) e venho pedir-vos o seguinte, pais:
Mantenham a inocência das vossas crianças o máximo de tempo possível. Não lhes mostrem a maldade do mundo, incentivem a bondade, a aceitação da diferença, o amor, não aplaudam nem riam quando eles dizem asneiras ou são agressivos, nem lhes mintam. Comecem desde cedo e façam deles boas pessoas no futuro.