
O tempo passa, como a água de um rio que flui em direção ao mar. Quando desagua já não é a mesma, nem volta a passar nos mesmos lugares.
Com o avançar da idade e da vida, nós também vamos mudando e as experiências e os lugares por onde passamos não se repetem, mas alteram-nos. Não a essência. A água não deixa de ser água, a sua composição mantém-se.
Aquilo que somos no nosso mais fundo íntimo também; assim creio.
Mas, ao longo do percurso, vamos nos moldando e vamos deixando de caber em certos lugares.
Deixamos de caber em certas roupas porque aumentámos de tamanho ou porque deixámos de gostar delas.
Deixamos de ter o mesmo carro; já não nos serve.
Mudamos de casa; precisamos de uma maior.
Trocamos de emprego; já não nos satisfaz.
Largamos o namorado ou o marido; já não existe amor.
Afastamo-nos de um determinado amigo; já não existem interesses comuns.
Compramos outro telemóvel; a autonomia do antigo já não serve ou precisamos de mais espaço.
E lá está: quando precisamos de mais espaço, quando já não cabemos nos lugares ou nas pessoas que passam por nós, mudamos. Quando não o fazemos o Universo, na sua perfeição, faz por nós.
Nada acontece por acaso e temos que aceitar e respeitar que será sempre para o nosso bem maior.
O curso é maravilhoso e a vista fantástica, mas a água que passou naquela pedra não mais será a mesma, nem a pedra que ficou estará igual.
Já não te serve? Muda.