
Não conseguia dormir; saí da cama e desci.
O bar, mesmo por baixo, com as luzes a piscar, podia ser o remédio. Entrei e sentei-me ao balcão. As insónias perseguiam-me há meses; a falta de trabalho, dinheiro, família, carinho e amor faziam-se sentir nos ossos. Tudo me doía. O empregado serviu-me um whisky com duas pedras de gelo, o costume.
Fiquei a olhar para o copo, e enquanto esperava que o álcool fizesse o seu efeito pensava no que faria da vida. A mão esquerda segurava na cabeça; precisava de um milagre.
Dei mais um gole e fiquei a rodar o copo enquanto via o gelo a derreter e a desaparecer exatamente como a minha vida…
A música bem alta ajudava a silenciar os gritos da minha mente.
O lugar, ainda mais decrépito do que eu, estava praticamente vazio. Só as luzes coloridas preenchiam o espaço.
Um velho sentado numa mesa do canto, parecia já ter abandonado o corpo. No extremo, do longo balcão de mogno, outro homem, absorto em fumo e bebida, olhava para os dedos.
Senti a porta a abrir e olhei.
Os olhos encontraram-se e dois segundos pareceram dois anos.
Deixem as vossas sugestões para a continuação…
A escritora nos dirá a força desse olhar….
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