Em terra de poetas,
liberdade e loucura conjugam-se;
os seres que por lá vagueiam e voam
são donos dos seus soltos desvarios.
Leves, flutuam até outra dimensão.
Escondem-se do material e do palpável,
fogem de si, dos demais e dos outros;
reencontram o passado,
premunem o futuro.
Estranhas criaturas, livres em si,
acorrentadas aos pensamentos
que teimam em soltar-se.
Fogem para o papel,
transformam líquido negro em tatuagem;
espalham-se entre linhas de metáforas difusas;
atravessam língua, cor, política ou religião
e atingem os que lhe dão permissão.
Invadem silenciosamente os sedentos da liberdade,
os que querem, os que precisam e os que desesperam
pela dança da caligrafia e pelo suor da viagem.
Sentem na pele a liberdade alcançada por sábios ancestrais,
ilustres mestres, insanos e sonhadores.
Perseguem avidamente, com sôfrego olhar e atenção,
os que habitam em esconsas bibliotecas,
sótãos obscuros e estantes encobertas aos possuídos pela distração.
Aos que buscam saciar a sua sede e busca,
que persistem sem desistir,
é-lhes desvelado o tesouro sem fim
da liberdade perpetuamente descobrir.
Sara B. Carvalho
