Num destes fins de semana, fiz algo, que já não fazia há algum tempo, e que adoro – observar a espécie humana.
Sem que reparassem, fiquei quieta, de óculos escuros, apenas a assistir.

Enquanto decorria um casamento no bar da praia e os noivos dançavam para gáudio dos convivas, o fado soava pela areia, e pessoas (como eu), alheias à festa, aproveitavam o bom tempo à beira-mar.
Um casal de nadadores salvadores, que me pareceram jovens demais para conseguirem salvar alguém, divertiam-se, a conversar, enquanto comiam as suas sandes, embrulhadas em papel de alumínio. Uma coluna com música techno animava o rapaz nadador que, com óculos espelhados, dançava parecendo estar numa discoteca.
À minha frente, uma filha adolescente e o respetivo namorado, partilhavam uns headphones e cantarolavam música funk, enquanto a mãe, esticada, apanhava sol. Entretanto, o jovem casal decidiu ir à água enquanto a senhora reclamava, com eles, porque estava a ficar frio e não iriam secar. Sozinha, decidiu comer um daqueles queques de supermercado, embrulhados em pacotes transparentes. Enquanto mastigava, apercebi-me da falta de dentição, que a obrigava a um movimento estranho e oscilante entre lábios, bochechas e maxilares.
Nisto, o meu filho mais novo para de jogar à bola e vem ter comigo, dá-me uns beijinhos e volta para de onde viera. A senhora fica a observá-lo espantada. Depois saca de um pacote de Cheetos e continua com o seu prazer.
Do meu lado direito, um senhor, que deduzi ser o pai de uma menina com uns treze ou quatorze anos. Ele devorava um livro, que me esforcei para ver o nome, mas apenas li a palavra “amor”. A miúda, notoriamente entediada, ia comendo uns pêssegos.
Os miúdos vieram e fui jogar raquetes com eles. Terminámos, e a miúda do lado continuava à espera que o pai largasse o livro. Naquele momento, já batia bolas sozinha, na sua raqueta, depois de ter pedido ao pai que jogasse com ela. Não percebi o que ele disse, mas continuou a ler.
Estive quase a oferecer-me para jogar com ela, mas podiam levar a mal e fiquei quieta.
Passados uns dez ou quinze minutos, lá lhe fez a vontade.
O jovem casal saiu da água e falavam alto entre os três. A mãe, depois de limpar as mãos às pernas, agarrou no telemóvel e simulou diversas expressões sexys enquanto tirava umas selfies.
Mais afetos trocados com o meu mais novo, e a senhora, de parca dentição, derrete-se, sorrindo para nós.
No bar, o noivo, de chapéu branco à cowboy, agarrado à sua noiva, discursa. Afinal, é o seu casamento, estão felizes, e têm a vida toda pela frente.
Eu e a família agarrámos nas coisas e fomos andando.
Talvez, um dia, também leia sobre nós em algum lado…
E eu adoro o que escreves, para além disso acho que és uma sonhadora nata e olha queres saber que mais… Gosto muito de ti ❤️
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Ohhh… tão bom. Obrigada querida ❤️ também gosto muito de ti 🥰🌹
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Eu gosto muito dessas observações. Imaginei todos esses personagens reais e cenas em minha mente.
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Que bom, muito obrigada por ler e partilhar a sua opinião. É um bom exercício. Abraço
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